"A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe." (Jean Piaget)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

OS FILHOS DO CRACK...

Os filhos do crack
Pequenos, de saúde frágil, desconfiados e carentes. Assim são os filhos do crack, nascidos de uma geração assolada por uma droga que corrói o usuário. Este ano, 117 partos de mães viciadas em crack foram realizados nas quatro maiores maternidades de Porto Alegre - Fêmina, São Lucas da PUCRS, Santa Casa e Presidente Vargas. Ou seja, a cada três dias, um filho do crack nasce na Capital. São crianças geradas por mães que não abandonam o vício. Fumam até minutos antes do parto. Até quem lida com o problema no dia-a-dia sabe que o número é impressionante. São crianças que dificilmente ficam com a mãe ou com familiares. Na maior parte dos casos, são levados pelo Conselho Tutelar ou pela Justiça para abrigos. Isso quando não são abandonadas ao nascer. A partir daí, viram órfãos do crack. Em um abrigo, visitado pelo Diário Gaúcho ontem, vivem 10 bebês de até dois anos. Seis deles são filhos de mulheres viciadas. Uns foram retirados das mães que não tinham estrutura para criar as crianças. Outros, abandonados ainda na maternidade. É o caso de uma menina de três meses. A mãe chegou ao hospital em trabalho de parto. Deu nome, idade e endereços falsos. Depois de dar à luz, foi embora. Deixou a menina no hospital. Com espasmos e bronquiolite, ela precisa de tratamento intensivo e fisioterapia. É a mais nova entre as crianças que ocupam os berços daquele quarto, que tem camas arrumadas com colchas coloridas e bichos de pelúcia. Antes, os avós eram mais velhos e assumiam os bebês. Hoje, são cada vez mais jovens e também estão viciados - conta a assistente social do abrigo, cujo endereço é mantido em sigilo. Nos hospitais com maternidade, o número cada vez maior de gestantes viciadas impressiona os profissionais que trabalham no setor. Não temos como atender toda essa demanda, e nem temos como curar essa gente, nem trabalhar a prevenção. Essa situação é o retrato de uma desigualdade social. O crack é um problema de saúde - desabafa a assistente social do Hospital Fêmina, Marli Machado Silveira. A história que mais chocou Marli foi a de uma adolescente. Grávida de sete meses, foi submetida a uma cesariana de urgência, porque havia introduzido um fio elétrico pela vagina para interromper a gravidez. Ela dizia que não largaria a droga para cuidar do filho, por isso não desejava tê-lo. Víamos o desespero dela. A criança acabou entregue ao juizado - conta Marli. Este ano, 31 mulheres viciadas em crack tiveram seus filhos no Fêmina. Segundo Marli, o número pode ser maior, pois muitas escondem o vício de tal maneira que nem os médicos e enfermeiros conseguem detectá-lo. Outras, porém, escancaram a dependência pela pedra. No Hospital Santa Clara da Santa Casa, uma jovem fumou uma pedra de crack pouco antes do parto para aliviar as dores das contrações. Depois de receber alta, deixou o filho no hospital, dizendo que voltaria para buscá-lo. Nunca retornou. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

SEU COMENTÁRIO É MUITO IMPORTANTE PARA NÓS....